Pela segunda vez em menos de uma década, os Estados Unidos anunciaram a saída da Unesco, agência da ONU voltada à promoção da educação, cultura e ciência. O comunicado foi feito nesta terça-feira (22/7), por porta-vozes do governo Trump, que justificaram a decisão alegando “incompatibilidade de valores” com a atual linha de atuação da organização.
A decisão, segundo Washington, reflete um reposicionamento mais amplo da política externa americana, guiado pelo lema “América em Primeiro Lugar”. De acordo com o Departamento de Estado, a Unesco estaria priorizando uma agenda “globalista” e “divisiva”, distante dos interesses dos EUA e marcada por uma “postura anti-Israel”.
A saída, embora anunciada agora, só será efetivada em dezembro de 2026. Até lá, os EUA ainda constam formalmente como país-membro.
Essa não é a primeira ruptura entre os Estados Unidos e a Unesco. Em 2017, durante o primeiro mandato de Donald Trump, o país já havia se retirado da agência com argumentos semelhantes. Na ocasião, a inadimplência, a falta de reformas internas e críticas à postura do órgão em relação a Israel motivaram o afastamento.
Sob a gestão Biden, os EUA foram readmitidos em 2023. A Casa Branca justificou o retorno com base na necessidade de contrabalançar a crescente influência chinesa dentro da Unesco. Agora, no novo governo Trump, a rota se inverte mais uma vez.
Consequências e reações
Atualmente, os EUA contribuem com cerca de 8% do orçamento da Unesco, um percentual significativo, mas que, segundo fontes internas, não compromete o funcionamento imediato da agência. Ainda assim, a previsão é de ajustes operacionais diante da redução de recursos.
Em nota, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou a saída e reforçou que as portas continuam abertas:
“O propósito da Unesco é acolher todas as nações do mundo, e os Estados Unidos da América são e sempre serão bem-vindos.”
A movimentação também ocorre em paralelo a outras revisões multilaterais promovidas pela gestão Trump. Estão em análise as participações dos EUA na Organização Mundial da Saúde (OMS), no Conselho de Direitos Humanos da ONU e na agência de ajuda humanitária para refugiados palestinos (Unrwa).
Fonte: Portal Leo Dias