CGU aponta parentesco em contratações no Ministério da Ciência

Ícone de sino para notificações
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou indícios de favorecimento em contratações realizadas no âmbito de projetos científicos ligados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Segundo o relatório, foi constatado “risco identificado no relacionamento de parentesco entre servidores do INPE e profissionais contratados pela FUNCATE”, fundação responsável pela execução de parte dos projetos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais [Inpe].

Além da menção ao vínculo familiar, a CGU apontou a “ausência de prévia autorização ministerial aos servidores do Inpe para realizar viagens ao exterior”, o que contraria as exigências normativas.

Foram registrados casos de “pagamento de diárias a profissionais que não compunham as equipes dos projetos”, além de apontamentos sobre servidores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) que teriam atuado em mais de um projeto simultaneamente, “sendo remunerados em ambos”.

Fragilidade na transparência e controle

No relatório, a CGU afirma ter identificado “fragilidades na prestação de contas: inconsistências documentais, falta de transparência e dados incompletos”. Parte dos problemas estaria associada à forma como as fundações contratadas — como Funcate e FACC — gerenciam os pagamentos. A auditoria também destacou a “extrapolação da carga horária permitida para os servidores públicos alocados em projetos de pesquisa”, além da “ausência de regulamentação sobre acúmulo de coordenações”.

De acordo com os auditores, houve “ausência de informações segregadas acerca da participação de servidores e agentes públicos nos projetos de pesquisas”, o que compromete a fiscalização e a rastreabilidade dos pagamentos feitos com recursos públicos. A equipe também identificou deficiências de divulgação: “não foram localizados dados consolidados sobre o volume de recursos e projetos executados pela UP e intermediados pelas respectivas Fundações de Apoio”.

Normas frágeis e sem critérios claros

A CGU verificou ainda a “ausência de regras que formalizam a concessão de bolsas pelo CTI e CBPF” e a “ausência de normas de limitação de carga horária para participação de servidores públicos em projetos” nessas unidades. Também foi apontada a “ausência de previsão de processo seletivo para contratação de bolsistas” em ao menos cinco instituições auditadas.

Em nota registrada no relatório, o CBPF justificou a não divulgação dos nomes e valores pagos a servidores por “adequação às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)”, mas a CGU rebateu: “não há hierarquia entre a LGPD e a Lei de Acesso à Informação”, e reiterou que “a divulgação pode atender simultaneamente à LGPD e à LAI, bastando omitir dados sensíveis e publicar valores pagos e nomes dos beneficiários de recursos públicos”.

Fonte: Metrópoles

Compartilhe

WhatsApp
Facebook
X
Threads
Telegram
Print
LinkedIn

Siga nossas Redes Sociais