O Acre seguiu a tendência nacional e diminuiu os casos de mortes intencionais à taxa de 23,7% de pessoas mortas a cada grupo de 100 mil pessoas, acompanhando a diminuição de crimes no Brasil, que teve redução média de 21,2 a cada 100 mil habitantes, com 45.747 homicídios em 2023, segundo indica o Atlas da Violência, estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgado nesta terça-feira (13). Os números são os menores desde o início da série histórica, em 2013, e representam queda em relação a 2022 – de 1,5% no total de homicídios e de 2,3% na taxa por 100 mil habitantes.
A pesquisa foi acompanhada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Está havendo uma maré a favor da redução dos homicídios que muitas vezes é pouco percebida pela sociedade”, afirmou Daniel Cerqueira, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
Entre os fatores que têm levado a esse recuo, segundo os pesquisadores, estão:
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mudanças nas políticas de segurança estaduais e municipais, baseadas em diagnósticos de onde o crime ocorre;
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tréguas nos conflitos entre facções criminosas em certas regiões, em especial ocorridas em 2018 e mantidas em alguns locais nos anos seguintes; e
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envelhecimento da população, já que a população mais jovem é o perfil daqueles mortos em homicídios.
No entanto, o país continua violento em relação às mulheres e os crimes de feminicídios não têm caído no mesmo ritmo. Aliás, o número de mulheres assassinadas foi na contramão do país e subiu em 2023. A taxa de mulheres, porém, permaneceu inalterada pelo 3º ano seguido, em 3,5 a cada 100 mil. O número de mulheres assassinadas cresceu 2,5% entre 2022 e 2023, passando de 3.806 para 3.903.
A boa notícia no caso – se é que há – é que, embora a Região Amazônica tenha tido as maiores taxas de mortes de mulheres, o título de líder neste tipo de crime no Norte do Brasil deixou de ser o Acre. O primeiro lugar no crime de feminicídios registrados em estados da região amazônica ficou com Roraima, no topo, com 10,4 homicídios a cada 100 mil mulheres em 2023, seguido por Amazonas e Rondônia, ambos com 5,9.
No entanto, a morte de mulheres, se diminuiu no Acre, em 10 estados brasileiros a taxa aumentou, em 15 caiu e em outros dois permaneceu estável. De acordo com o Atlas, quase 1/3 dos homicídios de mulheres aconteceram dentro da casa delas.
A queda nos homicídios em 2023 havia sido antecipada em março de 2024 pelo Monitor da Violência e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), além do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP). Em 2023, segundo o Monitor, houve 39,5 mil homicídios, uma queda de 4% na comparação com 2022, e uma taxa de 19,4 mortes por 100 mil habitantes (eram 20,3 no ano anterior).
O levantamento periódico dos assassinatos era um dos projetos do Monitor da Violência, e foi criado em 2017 porque, àquela época, o governo federal não tinha uma ferramenta que permitisse à sociedade – jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e demais cidadãos – acompanhar, de forma atualizada, os dados sobre homicídios do país. Além disso, a divulgação dos dados pelos estados também não era padronizada e não havia uma frequência definida.
Em 2024, o governo federal passou a publicar os dados de crimes violentos em um painel interativo com informações de todos os estados. A decisão não significou o fim do Monitor da Violência – apenas do levantamento periódico de assassinatos, diante de um cenário em que dados nacionais e atualizados sobre esses crimes estejam disponíveis para a população.
Fonte: Contilnet