O advogado Jeffrey Chiquini, defensor de Filipe Martins, enviou nota à coluna para contestar o uso de uma planilha de registros de entrada no Palácio da Alvorada apresentada pela Polícia Federal em inquérito sobre suposta reunião para conspirar contra a posse do presidente eleito, Lula, em 2022. Segundo ele, o documento foi incluído nos autos pelo delegado Fábio Shor e aparece tanto no relatório inicial quanto no final da investigação.
De acordo com Chiquini, os registros de visitas são usados como evidência para sustentar que Martins participou de encontros com aliados do então presidente Jair Bolsonaro, mas a defesa argumenta que tais planilhas “não significam e não provam nada”.
O advogado aponta que o mesmo arquivo indica a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no Alvorada no mesmo dia e horário aproximado — sem que o governador tenha sido investigado por participação em suposta trama golpista.
“Existe, no mesmo registro apresentado pelo delegado, o nome do governador Tarcísio, em visita ao ex-presidente no mesmo dia e em horário aproximado à suposta reunião — que nunca foi investigado por ‘golpe’. Ou seja, isso demonstra que a investigação é seletiva, escolhe o que quer, e que esses registros de entrada são frágeis e não comprovam absolutamente nada — não podendo ser usados seletivamente para acusar alguns como se fossem prova absoluta”, diz a nota.
A manifestação afirma ainda que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, delator no caso, admitiu em depoimento que era possível manipular os registros de entrada e que ele próprio anotava nomes de visitantes. Para a defesa, isso tornaria o documento uma prova “frágil” que não poderia ser usada de forma seletiva para incriminar alguns investigados.
“Mauro Cid admitiu, em seu depoimento, que ele mesmo conseguia manipular esses registros e que fazia anotações de quem visitava o presidente — logo, o próprio delator tinha interesse nisso, o que destrói essa ‘prova’, que não pode ser usada contra ninguém”, afirmou Chiquini.
Questionamento a Mauro Cid
Na segunda-feira (14/7), durante audiência no STF, Chiquini questionou Cid sobre a presença de Tarcísio de Freitas na mesma data da reunião atribuída a Martins.
O ministro Alexandre de Moraes, por sua vez, interrompeu o questionamento, disse que o governador não é alvo de investigação e determinou que, caso houvesse indícios concretos, os fatos fossem encaminhados à Procuradoria-Geral da República.
O magistrado também informou que vai oficiar o governador de São Paulo sobre a menção a seu nome.
No comunicado, Chiquini diz que a defesa citou o nome do governador apenas para demonstrar que não existiu reunião para tratar do suposto golpe de Estado. Ele conclui que, se outra interpretação foi dada, “faltou imparcialidade para enxergar os fatos como realmente ocorreram”.
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Fonte: Metrópoles