Aliados de Lula dizem que Gleisi será ‘enquadrada’ e dialogará com Haddad

08.02.2023, Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann, durante encontro com deputados federais, no Ministério da Fazenda Imagem: EDU ANDRADE/Ascom/MF

Auxiliares do presidente Lula, que tentam minimizar o desgaste do ministro Fernando Haddad (Economia) com chegada de Gleisi Hoffmann ao Palácio do Planalto, dizem que a futura ministra não continuará os ataques que fazia a agenda econômica.

Ao assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi vai operar da forma como Lula mandar. Fontes ligadas ao partido afirmam ainda que a futura ministra é “pragmática”, que quando foi ministra da Casa Civil de Dilma em 2011 tinha uma agenda considerada bastante liberal para os padrões petistas.

Aliados mais otimistas do presidente acreditam ainda que sua chegada ao governo “obrigará” Gleisi e Haddad a conversarem e isso poderia até “resolver um problema do Haddad”.

“Lula vai dar uma lista de coisas para ela fazer e ela vai executar”, afirmou uma fonte bastante próxima ao presidente.

O governo vive um momento de baixa popularidade e a escolha de Gleisi para o ministério não foi bem recebida por alguns agentes do mercado financeiro.

O diagnóstico, segundo um operador financeiro, é que ela chega “com o capital político desgastado” e que Lula, mirando a eleição de 2026, aposta no “diagnóstico clássico” que se ganha eleição abrindo os cofres da máquina pública.

Haddad ainda não se manifestou sobre a chegada da correligionária, que assumirá no próximo dia 10 e deixará o comando do PT.

Consolação para Guimarães?

Gleisi foi nomeada por Lula no lugar de Alexandre Padilha. Outro companheiro de partido, José Guimarães, que é líder do governo na Câmara, era cotado para a vaga.

Agora ele é apontado como uma possibilidade para ocupar a Secretaria-Geral, que está com Márcio Macedo, outro quadro do PT que deve perder o posto na reforma ministerial do presidente.

O presidente já está convencido a fazer a mudança na pasta, Guimarães e Jaques Wagner, que eram considerados para a vaga da SRI, podem ficar com o posto. “Ele ainda está refletindo” dizem.

A reforma de Lula tem sido feita a conta-gotas e o presidente falou que começaria as mudanças pela ‘cozinha do governo’, que é justamente o PT. “Depois de 2026 o grande projeto de Lula é tentar arrumar o partido”, dizem.

Guimarães pode ainda, segundo um dirigente do PT, assumir o partido de forma interina até as eleições internas, marcadas para dia 6 de julho. O mais cotado para assumir o partido é o ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva.

SRI foi esvaziada

A missão de Gleisi na SRI, dizem auxiliares do presidente, será manter um bom diálogo, justamente por isso a aposta de que a relação dela com Haddad vai melhorar.

Além disso, destacam que hoje, quem tem o poder de fato sobre as emendas parlamentares é o Congresso. A SRI perdeu esse poder. “A pasta foi esvaziada. O presidente sabe que quem vai garantir a governabilidade é o Hugo Motta (presidente da Câmara) e Davi Alcolumbre (presidente do Senado)”.

Há, no entanto, quem diga também que ela foi escolhida pelo presidente para “monitorar o cumprimento do acordo” por mais transparência nas emendas, que fez com que o ministro Flávio Dino liberasse os recursos.

Caberá a Gleisi cuidar da relação com os prefeitos e monitorar o andamento das pautas de interesse do governo no Congresso. E o ministro Fernando Haddad já entregou em mãos aos presidentes da Câmara e do Senado a sua lista de prioridades. O desafio agora será partilhado entre os dois petistas, e Lula acredita ter feito a escolha certa.

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