Após ocupar a Mesa Diretora da Câmara por 30h e recorrer a Arthur Lira (PP-AL) para solucionar o impasse, a oposição fala agora em “fortalecer” o atual presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A estratégia tem por trás a avaliação de que, embora não tenha fechado qualquer acordo para pautar a anistia ao 8 de Janeiro ou o fim do foro privilegiado, Motta será uma peça-chave no enfrentamento ao STF.
Pelo acordo costurado por Lira, o Centrão e bolsonaristas se unirão para tentar aprovar na Câmara, primeiro, a PEC do fim do foro e, depois, o projeto da anistia aos condenadados pelo 8 de Janeiro, pauta cara à direita.
Nesse cenário, o fortalecimento do atual presidente da Câmara é visto como uma etapa necessária para que a Casa tenha condições de enfrentar o Supremo e votar as duas pautas, que certamente provocarão reação da Corte.
A oposição sabe que, mais do que precisar de Motta para o enfrentamento ao STF, depende do deputado para pautar as propostas, prerrogativa que cabe única e exclusivamente ao presidente da Câmara.
Líder do PL pede desculpas a Motta
Com base nessa estratégia, o próprio líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), chegou a ir ao plenário da Câmara na quinta-feira (7/8) pedir desculpas públicas a Motta.
“Eu não gosto de fazer coisas, apesar que eu não fiz isso em público, não te expus publicamente. Mas, ontem, com o acirrar dos ânimos, eu, com Vossa Excelência, não fui correto, e te peço perdão da tribuna da Câmara. Não fui correto no privado, mas faço questão de pedir perdão em público. Nós não estávamos emocionalmente estruturados para aquilo”, reconheceu Sóstenes durante a sessão plenária.
Motta comenta articulação
Em entrevista exclusiva à coluna na quinta-feira, Motta afirmou que o fato de lideranças bolsonaristas e do Centrão terem recorrrido a Lira para negociar a saída para o impasse não o diminui.
“O Arthur ajudou como todos os líderes ajudaram. O líder Dr. Luizinho (PP-RJ) ajudou bastante. O próprio primeiro vice-presidente, Altineu Côrtes (PL-RJ). Os deputados da base governista: o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL). Todos se mobilizaram, isso é natural. Todos nós temos uma preocupação com o funcionamento da Casa. Esse é o sentimento do ex-presidente Arthur, que tem interlocução com os deputados e ajudou ali no diálogo. Isso não me diminui, não diminui a Casa”, afirmou Motta.
Fonte: Metrópoles