A Bancada Feminina do Senado Federal divulgou uma nota de repúdio ao que chamou de ataques misóginos e sexistas contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante sessão da Comissão de Infraestrutura, nesta terça-feira (27/5).
O senador Marcos Rogério (PL-RO) disse para a ministra “se colocar no seu lugar”. “A ministra foi interrompida de forma desrespeitosa diversas vezes, teve o microfone cortado e foi impedida de exercer seu direito de resposta a afirmações feitas a seu respeito. Houve uma clara violação do Regimento Interno do Senado Federal, que assegura o direito à tréplica. Ficou evidente que, naquela sessão, a última palavra precisava ser a de um homem”, afirma a nota.
Na nota, o grupo diz que “é inadmissível que um parlamentar diga a uma mulher que ela deve se colocar no seu lugar”. “Essa frase, carregada de machismo estrutural, é mais do que um ataque pessoal, é uma tentativa explícita de
silenciamento de mulheres que ocupam espaços de poder. Mas nós sabemos, e reafirmamos: lugar de mulher é onde ela quiser”, afirma a declaração, assinada pela líder da Bancada Feminina do Senado, Leila Barros (PDT-DF).
“É simbólico, e profundamente preocupante, que esse tipo de violência ocorra justamente na semana em que o Congresso discute uma reforma eleitoral que traz à tona a violência política de gênero e a urgente necessidade de ampliar a participação feminina na política”, diz.
A Bancada Feminina afirmou que o episódio envolvendo a ministra do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é isolado. “É mais uma expressão da violência de gênero que tantas mulheres enfrentam nos espaços de poder”, pontuou.
Entenda
A declaração de Marcos Rogério ocorreu durante audiência do colegiado com a ministra, quando Marina e o senador Omar Aziz (PSD-AM) discutiam sobre obras da BR-319.
“Ministra, depois faça uma reunião lá da equipe do governo e faça esse debate. Vamos seguir o debate da reunião”, começou o senador Marcos Rogério.
“Fique tranquilo, é um governo de frente ampla, para enfrentar a ditadura com a qual o senhor não se importou”, afirmou a ministra, apontando o dedo ao presidente da comissão.
Rogério, em seguida, responde: “Essa é a educação da ministra Marina Silva. Ela aponta o dedo. Não vou me intimidar, não”. E a ministra rebate: “O senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa, eu não sou”.
“Agora sexismo, ministra? Me respeite”, rebateu o senador. “Eu tô lhe respeitando, o senhor é que tem que me tratar com educação”, disse Marina. Marcos Rogério retrucou: “Me respeite, se ponha no seu lugar”.
Depois, em um novo bate-boca, a ministra abandonou a comissão por se sentir desrespeitada. Ela deixou o colegiado após o senador Plínio Valério (PSDB-AM) provocá-la afirmando que Marina não merecia respeito como ministra, mas apenas como mulher.
Fonte: Metrópoles