Brasil inicia venda da 1ª injeção preventiva de longa duração contra o HIV

OMS recomenda versão injetável do PrEP. — Foto: Unsplash

Nesta segunda-feira (25/8), começou a ser vendido no Brasil o cabotegravir, primeiro medicamento injetável de longa duração para prevenção contra o HIV. Comercializado sob o nome de Apretude, o fármaco é aplicado a cada dois meses e se apresenta como alternativa mais prática e eficaz em relação à profilaxia pré-exposição (PrEP) oral, que exige uso diário de comprimidos.

Segundo o Ministério da Saúde, somente em 2023 foram registrados cerca de mil novos casos de HIV no país. A projeção para a próxima década é de ao menos 600 mil novos casos, mesmo com a oferta da PrEP oral. Um estudo publicado em dezembro de 2024 no periódico Value in Health aponta que o uso do cabotegravir poderia evitar aproximadamente 385 mil infecções e gerar uma economia de R$ 14 bilhões em custos com tratamento.

Como funciona

O medicamento é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, com peso mínimo de 35 kg, que apresentem teste de HIV negativo antes do início do tratamento. A aplicação é feita por profissional de saúde em injeção intramuscular de 600 mg nas nádegas a cada dois meses, após duas doses iniciais com intervalo de um mês.

Pertencente à classe dos inibidores da integrase do HIV (INSTI), o cabotegravir bloqueia a integração do DNA viral às células imunológicas humanas, interrompendo o ciclo de replicação do vírus e reduzindo o risco de infecção crônica.

Especialistas destacam avanço

Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o fármaco representa uma revolução estratégica na prevenção:

“Ele é mais eficaz, mais cômodo e aumenta a cobertura de prevenção. Na África, por exemplo, muitas mulheres não conseguem usar a PrEP oral porque os cônjuges jogam os medicamentos fora. A injeção a cada dois meses aumenta muito a adesão.”

Estudos realizados no Brasil mostraram que 83% dos jovens entre 18 e 29 anos preferiram a versão injetável da PrEP. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, os principais motivos foram a comodidade de não precisar tomar comprimidos todos os dias nem carregar frascos de remédio.

Dois grandes ensaios clínicos internacionais, com mais de 7.700 participantes em 13 países, também confirmaram a eficácia superior do cabotegravir em relação à PrEP oral. Os estudos foram interrompidos precocemente por recomendação de segurança, justamente devido ao desempenho superior da nova formulação.

Preço e disponibilidade

A dose custa em média R$ 4 mil, podendo variar de acordo com a região e o serviço de aplicação. O medicamento é distribuído pela Oncoprod e já pode ser encontrado em clínicas e farmácias privadas, com opção de entrega direta ao paciente.

De acordo com Rodrigo Zilli, diretor médico da GSK/ViiV Healthcare, empresa responsável pelo desenvolvimento:

“Nosso objetivo é que, além do mercado privado, o cabotegravir esteja disponível também no SUS. Trata-se de uma inovação com potencial para reduzir casos e contribuir para a meta da UNAIDS de acabar com a epidemia de HIV/AIDS até 2030.”


📌 Fonte: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Infectologia, Value in Health, GSK/ViiV Healthcare
✍️ Redigido por Contilnet

 

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