Crianças de hoje viverão mais extremos climáticos que qualquer geração, aponta estudo

Foto: Pixabay

Crianças nascidas em 2020 devem enfrentar, ao longo da vida, uma quantidade inédita de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e enchentes. A conclusão é de um estudo publicado nesta quarta-feira (7) na revista Nature, que analisou os impactos das mudanças climáticas em diferentes gerações, de 1960 a 2020.

Na atual trajetória de aquecimento global, com aumento estimado em 2,7°C até o fim do século, cerca de 83% das crianças nascidas em 2020 estarão expostas a ondas de calor sem precedentes. Se o aquecimento atingir 3,5°C, esse número salta para 92%. Os cientistas chamam isso de “exposição vitalícia sem precedentes”.

O levantamento combinou modelagens climáticas e dados populacionais para calcular o risco de exposição a seis tipos de extremos: ondas de calor, secas, enchentes, falhas de safra, incêndios florestais e ciclones. Em todos os casos, os mais jovens são os mais vulneráveis — principalmente os nascidos depois de 1980.

Se a meta do Acordo de Paris for cumprida, limitando o aquecimento a 1,5°C, o número de crianças expostas cairia significativamente. No caso dos bebês de 2020, 49 milhões poderiam ser poupados dos impactos mais severos. No total, até 654 milhões de jovens entre 5 e 18 anos seriam beneficiados.

O estudo também revela desigualdades regionais e sociais: crianças que vivem em países tropicais ou em situação de vulnerabilidade econômica são as mais afetadas, mesmo em cenários de menor aquecimento. Essas populações costumam viver em áreas de maior risco e têm menos recursos para se proteger.

ianças que vivem em países tropicais ou em situação de vulnerabilidade econômica são as mais afetadas / Reprodução

Especialistas alertam para a urgência de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, sob pena de impor um fardo desproporcional às novas gerações. “Com as emissões ainda em alta, os líderes mundiais precisam agir agora”, disse Wim Thiery, professor de ciência do clima e coautor da pesquisa.

O estudo contou com parceria da ONG Save the Children e recebeu comentários de especialistas que reforçam a desigualdade entre grupos sociais. As pesquisadoras Rosanna Gualdi e Raya Muttarak destacaram que, para os mais pobres, os riscos climáticos chegam mais cedo e com maior intensidade, o que reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à proteção desses grupos.

Fonte: contilnet

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