O Dia Mundial do Coração, celebrado nesta segunda-feira (29/9), reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do cuidado contínuo com a saúde cardiovascular. Segundo o relatório Estatística Cardiovascular – Brasil 2023, a mortalidade por cardiopatias no país gira em torno de 7 mortes a cada 100 mil habitantes, enquanto os casos absolutos continuam crescendo, acompanhando o envelhecimento da população.
Entre as causas mais recorrentes dessas doenças estão fatores genéticos. Conforme a Diretriz Brasileira sobre Diagnóstico e Tratamento da Cardiomiopatia Hipertrófica – 2024, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a doença afeta cerca de 1 em cada 250 pessoas, mostrando que não se trata de uma condição rara. Variantes genéticas hereditárias podem predispor indivíduos, mesmo assintomáticos, a quadros graves como arritmias e insuficiência cardíaca ao longo da vida.
Outro ponto de atenção crescente é o uso indiscriminado de anabolizantes. Embora muitas vezes associados ao desempenho esportivo ou estética, essas substâncias podem causar danos irreversíveis ao coração. Em entrevista ao portal LeoDias, o cardiologista Tito Paladino alerta que é um mito achar que apenas doses altas fazem mal.
“O uso contínuo, mesmo em quantidades menores, pode comprometer de forma silenciosa o músculo cardíaco. Os anabolizantes alteram a estrutura do coração, provocando hipertrofia exagerada e desorganizada do músculo cardíaco, além de aumentar a pressão arterial, favorecer arritmias e elevar o risco de infarto e insuficiência cardíaca precoce. Além disso, eles alteram o colesterol, alteram o padrão da coagulação do sangue e podem levar até à morte súbita em pessoas jovens”, destaca.
Pesquisas apresentadas no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) 2024 indicam que o uso indiscriminado de esteróides anabolizantes está associado a alterações cardiovasculares significativas, como hipertrofia ventricular esquerda, disfunção cardíaca e maior risco de eventos graves, incluindo infarto agudo do miocárdio.
“Os anabolizantes farão mal mais cedo ou mais tarde”
O cardiologista ressalta que alguns sinais merecem atenção: “Os usuários de anabolizantes devem ficar atentos a sintomas que indiquem que o coração está sendo prejudicado. Entre eles, falta de ar ao subir escadas ou realizar atividades simples, sensação de coração acelerado ou ‘pulando batidas’ (palpitações), dor ou pressão no peito, tontura ou desmaios repentinos, inchaço nas pernas, tornozelos ou abdome, cansaço extremo mesmo após repouso e até episódios de falta de ar noturna. Esses sinais podem indicar alterações na função cardíaca ou início de insuficiência cardíaca e exigem avaliação médica imediata. Lembrem-se, os anabolizantes farão mal mais cedo ou mais tarde”.
Para manter o coração saudável, as recomendações do especialista incluem alimentação balanceada, atividade física regular, controle da pressão arterial, colesterol e diabetes, manutenção do peso adequado, evitar tabaco e álcool em excesso, não usar drogas ou anabolizantes e acompanhamento médico periódico, especialmente para quem tem histórico familiar de doenças cardíacas. Além disso, gerenciar o estresse e dormir bem também protege o coração.
“Cuidar do coração não é apenas tratar doenças, mas também evitar fatores de risco que podem ser controlados, como o uso de anabolizantes, manter hábitos saudáveis, praticar exercícios físicos regularmente, ter uma alimentação equilibrada e realizar acompanhamento médico periódico. A informação correta e o monitoramento são aliados fundamentais para proteger a saúde do coração”, destaca Paladino.
Tipos de cardiomiopatias e seus efeitos no coração
Segundo o cardiologista, as cardiomiopatias podem ser classificadas em cinco tipos principais:
- Não dilatada;
- Dilatada, quando o coração aumenta e perde força de contração;
- Hipertrófica, com crescimento excessivo do músculo, dificultando enchimento e bombeamento de sangue;
- Restritiva, caracterizada pela rigidez do músculo, que não relaxa direito;
- Arritmogênica do ventrículo direito, quando o tecido cardíaco é substituído por gordura ou fibrose, favorecendo arritmias graves.
“Os sinais de alerta mais comuns são falta de ar em atividades simples ou até em repouso, inchaço nas pernas e tornozelos, cansaço excessivo, palpitações, dor ou pressão no peito e desmaios inexplicáveis. Esses sintomas podem indicar que o coração não está bombeando o sangue de forma adequada e devem motivar a procura rápida por avaliação médica”, salienta o médico.
Paladino ainda destaca grupos com maior propensão à doença, mesmo sem sintomas aparentes. “Pessoas com histórico familiar de cardiomiopatia ou morte súbita, hipertensão arterial não controlada, diabetes, obesidade, consumo excessivo de álcool, uso de drogas ilícitas ou quimioterápicos, além de atletas de alta performance com alterações cardíacas suspeitas, têm mais propensão. Mesmo sem sintomas, quem pertence a esses grupos deve realizar avaliação cardiológica periódica”, conclui.
Fonte: Contilnet