O empresário e ex-atleta de fisiculturismo Márcio Garcia é conhecido por muitos como o homem que descobriu Ramon Rocha Queiroz, o Ramon Dino, campeão do Mr. Olympia 2025 e maior nome do fisiculturismo brasileiro na atualidade. Em entrevista exclusiva, Márcio relembrou o primeiro encontro com o atleta e os primeiros passos de uma trajetória que começou de forma simples, em Rio Branco, e acabou se tornando uma das maiores histórias de superação do esporte acreano.
“Eu já era atleta, estava me preparando para uma competição em Porto Velho. Um dia fui ao mercado e vi um caixa novinho, forte, com os braços grandes. Ele olhou pra mim empolgado e disse que fazia calistenia. Eu nem dei muita moral naquele momento, mas dias depois, caminhando no Horto, vi de longe um rapaz fazendo barra com uma definição muscular absurda. Quando cheguei perto, era ele — o Ramon”, contou.
A partir daquele encontro, Márcio passou a orientar o jovem, que na época tinha apenas 16 anos. “Ele treinava só com o peso do corpo, mas já tinha fibras musculares aparentes, pele fina e uma genética diferente. Chamei ele pra treinar comigo no Sesc, onde eu estagiava. Ele não tinha dinheiro nem pra pagar academia, então eu dei um jeito. Fiz uma dieta simples pra ele, com o que tivesse em casa — arroz, carne moída, pão. Mesmo assim, em pouco tempo, ele ganhou seis quilos de músculo.”
Com o apoio de Márcio, Ramon participou da primeira competição em Rondônia. “A gente teve que correr atrás de tudo: passagem, bermuda, patrocínio. Mas ele foi e ganhou o overall, que é o título de campeão dos campeões. Ali eu tive certeza de que ele era diferente. De um milhão, nasce um como ele”, relembra.
Com o apoio de Márcio, Ramon participou da primeira competição em Rondônia/Foto: Cedida
Segundo Márcio, a trajetória de Ramon foi marcada por dificuldades financeiras e por muita disciplina. “Ele veio de uma realidade simples, mas tinha algo raro. Ele sofreu muito, porque o esporte é duro — envolve dieta pesada, corte de carboidrato e até de água. Mas sempre falei pra ele: ‘Se tiver oportunidade, vai ser o melhor do mundo’. E ele foi.”
Com o passar dos anos, Ramon se tornou campeão brasileiro e, depois, profissional. Foi nesse momento que sua carreira começou a ganhar projeção nacional, especialmente após o convite para participar da Mansão Maromba, projeto do influenciador Toguro. A partir daí, veio a fama, os contratos e, finalmente, o topo do mundo.
Segundo Márcio, a trajetória de Ramon foi marcada por dificuldades financeiras e por muita disciplina/Foto: Cedida
Márcio também lembra o impacto de um vídeo que gravou mostrando as origens humildes de Ramon. “O Cariani me pediu um vídeo e eu fui até a casa do pai dele. Mostrei como era a realidade dele no Acre. O vídeo viralizou e o Brasil viu quem o Ramon era de verdade. Foi ali que começaram a chamá-lo de ‘Dinossauro do Acre’.”
Ao ver o ex-aluno no pódio do Mr. Olympia, Márcio resume o sentimento em uma frase: “É uma emoção enorme. Eu tive que parar de competir por questões de saúde, mas ver o Ramon ali é como se parte da minha história também estivesse naquele palco. É o Acre mostrando pro mundo que daqui também saem gigantes.”
Fonte: Contilnet