O presidente da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o acreano Jorge Viana, disse, nesta quinta-feira (3), em Brasília, que o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra seus parceiros comerciais pode abrir o que ele chamou de “era da China”.
Segundo o ex-governador e ex-senador pelo Acre, o tarifaço dos EUA pode beneficiar a China e impactar o comércio internacional.
“Foram os Estados Unidos que introduziram no mundo a ideia do livre-mercado, dos acordos comerciais. E agora, ao contrário disso, podem abrir ‘a era da China’”, disse Viana em coletiva de imprensa, ao destacar que a nova tarifa de 10% imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras pode abrir caminho para um maior protagonismo da China no comércio global.
Segundo ele, ao adotar medidas protecionistas, os EUA podem acabar enfraquecendo a lógica do livre-mercado que ajudaram a disseminar.
A decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, foi anunciada na quarta-feira (2) e afetou diversas nações, incluindo o Brasil. Apesar de o país ter recebido a menor alíquota dentro do chamado “tarifaço”, o governo brasileiro classificou a medida como uma violação dos compromissos assumidos pelos EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Após o anúncio das tarifas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emitiu uma nota oficial assinada pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e das Relações Exteriores. O comunicado enfatizou que a decisão do governo norte-americano pode prejudicar exportadores brasileiros e alertou que medidas de defesa econômica serão analisadas.
“A posição do Brasil até aqui tem sido muito correta, de ter um pouco de cautela e aguardar para ver se as medidas serão realmente implementadas pelos Estados Unidos”, ponderou Jorge Viana.
O presidente da ApexBrasil destacou que a decisão sobre eventuais retaliações caberá ao governo federal. O Itamaraty, por sua vez, segue conduzindo o diálogo diplomático, com papel central do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro da Indústria e Comércio.
No Congresso Nacional, um projeto de lei aprovado nesta semana permite a adoção de medidas de reciprocidade econômica contra barreiras comerciais impostas por outros países. No entanto, o governo federal sinaliza que buscará uma solução negociada antes de qualquer ação mais drástica.
“Não será preciso usar”, ponderou Alckmin.
Anieli
Fonte: Contilnet