Nesta quarta-feira (19), a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, voltou a defender o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em relação a análise do pedido da Petrobras para o início de estudos sobre o potencial exploratório de petróleo na foz do rio Amazonas, na região Norte do país. A ministra disse que, sobre o assunto, o Ibama tem que ser respeitado qualquer que seja sua posição, “seja para sim ou não”.
A declaração foi dada durante o “Bom dia, ministra”, do canal Gov. “Os técnicos [do Ibama] estão apresentando o seu parecer e a decisão, como eu digo, será uma decisão técnica, seja para o sim ou seja para o não. É um processo que ainda não é de retirada do petróleo propriamente dito, é para fazer a prospecção do petróleo, mas é algo de altíssima complexidade”, destacou a ministra.
A Petrobras quer explorar petróleo na Margem Equatorial, na região Norte do país, e tenta conseguir licença ambiental, mas a ministra acreana sempre que é possível reforça que a decisão de exploração da foz do Amazonas cabe ao Ibama, com base em critérios técnicos e legais. O presidente Lula defende a liberação da licença pelo Ibama, e destacou que a decisão não é de responsabilidade de Marina Silva.
O senador Davi Alcolumbre (União-AP), entusiasta da exploração petrolífera na região, assumiu a presidência do Senado, o que ampliou a pressão sobre Marina e ao próprio Ibama. No entanto, o Ibama negou um pedido da Petrobras para perfuração na Foz do Amazonas e solicitou uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS).
Desde então, Marina Silva tem se colocado em defesa do Ibama, que tem sofrido com inúmeras pressões políticas para liberar a licença para perfuração do poço na foz do Amazonas, em especial do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“No caso da margem equatorial, é um processo complexo de altíssimo impacto ambiental. O presidente Lula, com muita sabedoria, no início do governo, mandou que esses projetos fossem encaminhados para estudos”, defendeu a ministra.
Em 2023, o Ibama negou um primeiro pedido da petroleira para a perfuração na foz do Amazonas, no bloco FZA-M-59. O órgão solicitou uma avaliação ambiental de área sedimentar (AAAS), que permite identificar áreas em que não se pode realizar a extração de combustíveis fósseis.
A previsão da Petrobras é de investimento de US$ 3,1 bilhões para exploração de petróleo e gás na região da Margem Equatorial, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá. A expectativa é de perfurar 16 poços nos próximos cinco anos.
Na terça-feira (18), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou o Ibama ao afirmar ter dificuldades em agendar uma reunião com o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, para discutir o tema. “Agora, na Margem Equatorial especificamente, ninguém está discutindo neste momento explorar petróleo, está discutindo conhecer as potencialidades da Margem Equatorial. E, depois disso, soberanamente e estrategicamente, decidir sobre a exploração ou não”, disse Silveira.
Apesar da pressão que tem sofrido, o Ibama não tem prazo definido para decidir a respeito da exploração por parte da Petrobras na margem equatorial.