Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (16), na Câmara de Vereadores de Rio Branco, o promotor Thalles Ferreira, titular da Promotoria de Justiça Especializada de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania do Ministério Público do Acre (MPAC), se pronunciou sobre a polêmica mudança do Centro Pop para o bairro Castelo Branco, na Baixada da Sobral, como vem sendo cogitado nos últimos dias.
A audiência foi convocada em meio aos protestos de moradores da região, que têm se manifestado contra a instalação do centro de atendimento a pessoas em situação de rua. Em sua fala, o promotor revelou que a família proprietária da casa que seria alugada pela prefeitura foi alvo de ameaças graves.
“A casa onde a gente achou que poderia constar o Centro Pop foi ameaçada, inclusive, de ser incendiada pelos moradores. Ligaram para a dona Maria Luiza e disseram que, se alugarem a casa para o Centro Pop, a casa vai ser incendiada”, revelou.
O promotor criticou, ainda, a pressão política e social exercida contra a família proprietária do imóvel e demonstrou preocupação com a escalada de violência e intolerância a respeito do tema.
“Está sendo exercida uma pressão política sobre a família da dona Maria Luiza. Eu não quero sujar as minhas mãos de sangue pela pressão que está sendo feita com a Larissa e com a Luana”, desabafou.
Thalles Ferreira também destacou que o imóvel havia sido identificado como um dos mais adequados para o Centro Pop, que funcionaria, segundo ele, como uma espécie de escritório de atendimento inicial e não como abrigo.
“Nenhuma pessoa vai dormir, nenhuma pessoa vai morar naquela casa. A pessoa vai ser atendida no primeiro momento. É uma espécie de conselho tutelar que encaminha as pessoas para os serviços que existem”, explicou.
O promotor ressaltou ainda que o bairro já dispõe de estrutura social que favoreceria a atuação do Centro Pop, como um restaurante popular, um CRAS e uma unidade do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac).
“O restaurante popular não é só para idosos. É para todas as pessoas vulneráveis da nossa cidade. E as pessoas em situação de rua são pessoas vulneráveis. Elas têm todo o direito de fazer suas refeições ali”, acrescentou.
Everton Damasceno
Fonte: Contilnet