Orfãos por feminicídio: quase 120 filhos tiveram suas mães assassinadas em seis anos no Acre

Pelo menos 72% das mulheres assassinadas tinham filhos, deixando 118 crianças e adolescentes órfãos/Foto: Reprodução

No segundo domingo de maio, enquanto muitas famílias celebram o Dia das Mães com carinho e homenagens, 118 filhos no Acre carregam um luto silencioso: o da ausência materna provocada pela violência extrema do feminicídio. Entre janeiro de 2018 e janeiro de 2024, 71 mulheres foram assassinadas no estado por motivações de gênero. Dessas, 72% eram mães — e deixaram para trás filhos órfãos, cujas vidas foram marcadas para sempre.

Os dados fazem parte do Feminicidômetro, ferramenta do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) criada para garantir transparência e controle social sobre os crimes de feminicídio. O levantamento mostra que, entre as crianças e adolescentes afetados, 24 presenciaram o assassinato de suas mães, um trauma profundo que tende a reverberar por toda a vida.

A maioria das vítimas tinha entre 20 e 24 anos — uma geração jovem, muitas vezes iniciando a maternidade e a vida adulta, que teve seus planos interrompidos por parceiros ou ex-companheiros violentos. O estudo também revelou um cenário de vulnerabilidade social e racial: 86% das mulheres assassinadas eram pardas ou pretas, refletindo o impacto desproporcional da violência de gênero sobre mulheres negras.

A análise do MPAC também abordou o perfil conjugal das vítimas: 45% estavam em um relacionamento no momento do crime, enquanto 24% já haviam se separado ou estavam em processo de separação — o que reforça o alerta de que o momento de rompimento costuma ser um dos mais perigosos para mulheres em situação de violência.

No aspecto profissional, a maioria das mulheres assassinadas era dona de casa (21), seguida por estudantes (10), autônomas (6) e agricultoras (4). Em 12 casos, a ocupação não foi informada, o que pode indicar informalidade ou falta de registro de dados adequados.

Mulher é morta na frente do filho

Janice da Rocha Lima, de 40 anos, foi executada a tiros, e seu filho, Jhonatas Lima Pinto, de 21 anos, ficou ferido com dois disparos na noite do dia 9 de abril, dentro de um apartamento situado na Rua Seis de Agosto, no bairro 6 de Agosto, no Segundo Distrito de Rio Branco. O autor dos crimes foi o ex-marido de Janice, identificado como Gilberto Francisco.

Segundo informações de familiares, Janice estava no apartamento com seu filho, Jhonatas, quando Gilberto chegou em uma motocicleta modelo Lander, de cor vermelha. Ele estacionou na rua e seguiu até o imóvel. Em seguida, sacou uma arma de fogo e efetuou pelo menos cinco disparos, que atingiram Janice na região do peito e do rosto. Durante o ataque, Jhonatas foi atingido por dois tiros — um no braço direito e outro no esquerdo. Após a ação, Gilberto fugiu do local.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, e duas ambulâncias foram enviadas — uma de suporte básico e outra de suporte avançado. No entanto, ao chegarem, os paramédicos apenas puderam constatar o óbito de Janice. Jhonatas recebeu os primeiros atendimentos ainda no local e foi encaminhado ao pronto-socorro de Rio Branco, em estado de saúde estável.

Fonte: Contilnet

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