Pesquisador da Ufac avalia presença de lobo-guará no Acre como reflexo da destruição do Cerrado

O animal pode começar a ser avistado com mais frequência fora de seu habitat natural/Foto: Reprodução

Um lobo-guará foi avistado no último dia (23) no Seringal Baturité, em Sena Madureira, interior do Acre. O registro, feito por um morador, é inédito na região e levantou discussões sobre a presença da espécie na Amazônia Sul-Ocidental. O animal é o maior canídeo da América do Sul e está classificado como “quase ameaçado” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Segundo o professor do curso de Biologia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Armando Muniz, a ocorrência pode estar relacionada à destruição do Cerrado. “Possivelmente a espécie está ampliando a sua área de distribuição para o sul da Amazônia pela destruição do Cerrado, ocupando áreas alteradas na região amazônica, como pastos abandonados”, afirma.

Veja mais: Inédito: Lobo-guará, espécie quase ameaçada de extinção, é flagrado no interior do Acre; ASSISTA

Ele destaca que o aparecimento do lobo-guará no estado é algo sem precedentes e que ainda não existem estudos sobre os possíveis impactos ambientais. “É um evento muito recente. Não sabemos ainda sobre o desequilíbrio ambiental, pensando nas espécies que já existem aqui, e também não se sabe sobre outras que podem acabar surgindo pelo Acre”, explica.

O cenário apontado pelo pesquisador encontra respaldo em dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Entre 1985 e 2023, o Cerrado perdeu 38 milhões de hectares de vegetação nativa, o equivalente a uma área maior que o estado de Goiás. Atualmente, quase metade do bioma (48,3%) já foi alterada por atividades humanas, sobretudo pela expansão da agricultura e da pecuária.

O perfil Brasil em Mapas fez um levantamento da área em que normalmente são encontrados os lobos guarás/Foto: Reprodução

Na fronteira Amacro (Acre, Amazonas e Rondônia), municípios registraram perdas superiores a 15% da vegetação nativa em pouco mais de uma década, com alguns ultrapassando 30%.

De hábitos solitários, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) vive tradicionalmente em regiões abertas do Cerrado, mas sua presença em áreas amazônicas pode se tornar mais comum diante da pressão sobre o habitat natural. Para especialistas, registros como o de Sena Madureira reforçam a necessidade de ampliar a proteção tanto no Cerrado quanto nas áreas de transição, prevenindo conflitos e garantindo a conservação da espécie.

Fonte: Contilnet

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